O comportamento do consumidor muda depressa. Em um ano, vemos mudanças que não aconteceram em décadas. Com a revolução tecnológica, é difícil prever quais serão as próximas adaptações no comportamento das pessoas, mas uma coisa é certa: estaremos cada vez mais multiconectados, multitarefas e carentes. Esta carência, originada pela grave falta de tempo, levará as pessoas a buscarem cada vez mais experiências positivas, em todos os momentos de suas vidas. E isso inclui o momento das compras também.
Enquanto a Internet se consolida como um ponto de venda relevante, conquistando mais e mais consumidores, o desafio do varejo, tanto físico quanto virtual, será o de proporcionar experiências mais marcantes ao consumidor. O objetivo é gerar um momento agradável, inspirador, estimulante e que cative o consumidor, para fidelizá-lo.
Nas lojas físicas, essa realidade tem se mostrado mais necessária. Ao comprar um livro pela Internet, o consumidor tem a comodidade e a praticidade de não precisar sair de casa. Porém, na loja, uma ambientação inspiradora, que torne o ato de comprar agradável e o estimule a pensar em novas possibilidades no próprio estabelecimento, constrói excelentes relacionamentos. A lição de casa para os dois tipos de varejo é o famoso “unir o útil ao agradável”: à Internet, falta agregar experiência, enquanto às lojas físicas, falta potencializar serviços que convençam o consumidor a ir até lá.
As taxas de crescimento brasileiras, aliadas a este novo comportamento do consumidor, favorecem os investimentos estrangeiros. Mas as oportunidades também devem ser avaliadas pelas empresas nacionais, afinal, não se sabe qual será o rumo da crise no exterior. Com maior consciência sobre a necessidade dos investimentos em marketing, branding e pontos de venda, as empresas brasileiras tendem a oferecer as experiências tão almejadas pelo consumidor.
Os grandes grupos brasileiros vêm dando o exemplo ao investir cada vez mais em suas marcas, forçando todo o mercado a reavaliar seus investimentos. Em termos de internacionalização, o destaque para as marcas brasileiras pode acontecer de forma mais natural, auxiliado pelo fato de o Brasil estar “na moda”.
As Olimpíadas em Londres poderão dar um gostinho do que representará ao Brasil sediar grandes eventos do esporte, além de fazer aflorar no Brasil o entusiasmo pelo momento. Estamos caminhando para o clímax, e as marcas, tanto do varejo quanto da indústria, precisam estar atentas a este movimento, buscando formas para se posicionar com relação aos eventos. Está aí uma excelente oportunidade para gerar experiências relevantes ao consumidor.
O Brasil começa a experimentar os resultados de uma cultura de desenvolvimento, deixando para trás o perfil de “colônia de exploração”. Nossa única opção, neste momento, é aproveitar o período positivo para crescer e profissionalizar os setores mais importantes da economia, cenário que abre grandes oportunidades para o marketing. A incerteza do mercado internacional pode ser utilizada em favor dos investimentos no Brasil.
Leonardo Lanzetta é sócio e diretor-executivo da agência DIA Comunicação e VP de agências do POPAI Brasil.