*Por Matias Fainbrum, diretor geral da Ingenico ePayments na América
Latina
Vivemos em uma época de crescente liberdade e acessibilidade global, com
uma demanda de consumo que impulsiona a inovação tecnológica e provoca rápidas
mudanças de estilo de vida no mundo todo.
Os cálculos da indústria indicam que as taxas de crescimento dos
pagamentos não monetários em países desenvolvidos compensarão o crescimento
menos acelerado das economias emergentes. Da mesma forma, o valor dos
pagamentos não monetários de todo o mundo terá um aumento médio de 6% ao ano
durante os próximos quatro anos.
Então, o que isso significa para os varejistas online? Bom, estima-se
que a soma de US$ 900 bilhões estará disponível durante a próxima década. As
empresas que puderem migrar do pagamento em espécie para o pagamento eletrônico,
oferecer serviços inovadores de valor agregado e atender de forma efetiva os
clientes “desbancarizados” e “sub-bancarizados” poderão beneficiar-se dessas
oportunidades.
A situação da América Latina
Sem dúvida, a América Latina é uma combinação de comportamentos e
preferências de pagamento com forte ênfase em compradores e métodos de
pagamento locais. Em 2015, as vendas online do varejo no Brasil geraram um
ingresso de quase US$ 20 bilhões, ou seja, o dobro do faturamento conjunto do
México e da Argentina. Com uma população crescente de 202 milhões de pessoas,
das quais 62% possuem menos de 30 anos de idade, as oportunidades deste mercado
parecem estar crescendo.
Mobile: uma ferramenta de inclusão
O uso intensivo de celulares também gera oportunidades para o comércio
móvel. As instituições financeiras tomaram a iniciativa promovendo a
digitalização dos pagamentos na América Latina por meio de plataformas móveis,
esquemas de pagamento locais e investimentos mirando aumentar a penetração de
pontos de venda.
Da mesma forma, vários governos regionais promovem de forma ativa os
pagamentos eletrônicos oferecendo incentivos tributários e modificando os
marcos regulatórios. Essas iniciativas são importantes em uma região onde 250
milhões de adultos (quase dois terços da população) não utilizam serviços
financeiros formais tais como uma conta bancária.
Os números por si só não dão um panorama completo do setor de e-commerce
da América Latina. A realidade é que o pagamento em espécie e com cartões de
crédito continuam sendo utilizados com muita frequência, apesar do fato de dois
terços da população não terem conta em banco e muito menos utilizar métodos de
pagamento eletrônico. O Brasil é a exceção à adaptação do comércio eletrônico
na região, especialmente no que diz respeito ao m-commerce. Porém, a
desaceleração econômica de toda a região, incluindo os altos níveis de inflação
que afetam seriamente a Venezuela e Argentina, mostra que ainda há muito por
fazer antes que se possa explorar todo o potencial do e-commerce na região.
A boa notícia é que os governos
latinoamericanos estão investindo no desenvolvimento de tecnologias não
monetárias e se afastando da cara infraestrutura associada a bancos adquirentes
e métodos de pagamentos tradicionais. Por agora, o mercado brasileiro é o que
está mais equipado para o comércio eletrônico. Antes de se aventurar na América
Latina, as empresas online devem avaliar os custos e riscos relacionados aos
diferentes sistemas bancários e métodos de pagamento em toda a região, já que
continua sendo um labirinto de tecnologia e infraestrutura que exige
conhecimento e visão local. Contudo, para as empresas que decidirem apostar na
região, há um mar de oportunidades a se desbravar.